TEOPSICOLOGIA, por Karl kepler

Se alguém não aborrecer pai e mãe não pode ser meu discípulo (Lucas 24.24)

Há alguns versículos da Bíblia que chegam a nos assustar. Até uma das nossas traduções se apressou em pôr uma nota no rodapé, tentando amenizar o impacto, dizendo: “aborrecer, isto é, amar menos”. A intenção foi boa, mas na verdade o texto original fala em “aborrecer” mesmo, significando contrariar profundamente, irritar, não corresponder às expectativas, frustrar, desobedecer. A aplicação primeira, dada por Jesus, foi claramente para “peneirar” a multidão que o seguia (vide o contexto, onde a negação é dirigida a todos inclusive a si próprio); mas certamente o Espírito Santo tinha mais aplicações em mente quando inspirou esse verbo “aborrecer” em Lucas (e não em Mateus, por exemplo)
Textos “estranhos” como esse merecem uma atenção especial: muitas vezes eles escondem verdadeiros tesouros para a saúde da alma. Todos sabemos que a regra geral da Bíblia é o mandamento para honrar pai e mãe; mas este versículo abre uma fantástica porta para muitas filhas e filhos que sofrem, às vezes bem depois de alcançarem a maioridade, por causa de um domínio excessivo do pai ou mãe sobre sua vida, muitas vezes nem conseguindo seguir a ordenança bíblica de “deixar seu pai e sua mãe para unir-se a seu cônjuge”.
Essa dependência excessiva atrapalha o amadurecimento pessoal e, dessa forma, atrapalha também o bom testemunho como discípulo de Cristo frente ao mundo. Mas o objetivo aqui não é o de acrescentar mais uma condenação às muitas que esses filhos e filhas oprimidos certamente já tem ouvido. O propósito é de motivar para a possibilidade de libertação dessa cadeia, com o fim de ser um bom discípulo de Cristo o que vai a favor, e não contra, de ser uma pessoa humana madura e saudável.