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HOMOSSEXUALIDADE: A PESSOA DO HOMOSSEXUAL EM SUAS CONEXÕES SISTÊMICAS , por Fátima Fontes

Artigos e Notícias

“Eu passei muito tempo, aprendendo a beijar
Outros homens, como beijo meu pai.
Eu passei tanto tempo pra saber que a mulher
Que eu amo, que amarei, será sempre a mulher,como é minha mãe.
Como é minha mãe, como são seus temores
Meu pai, como vai?
Diga a ele que não se aborreça comigo
Quando me vir beijar outro homem qualquer
Diga a ele que eu, quando beijo um amigo
Estou certo de ser alguém como ele é:
Alguém com sua força pra me proteger
Alguém com seu carinho pra me consolar
ALGUÉM COM OLHOS E CORAÇÃO BEM ABERTOS PRA ME COMPREENDER ”
Gilberto Gil

Convite:
Convido todos vocês, a partir desta canção, a abrirem corações e olhos para compreendermos um pouco mais sobre a dinâmica inter-relacional da pessoa com uma identidade sexual homossexual;

1. QUANDO O DESEJO CONTRARIA O GÊNERO E A FÉ

Acompanhar semana após semana, pessoas que chegam até mim em franco sofrimento por desejar pessoas do mesmo sexo, tem me obrigado a um exercício de ampliação perceptual e conceitual acerca da homossexualidade. Ainda que pertençam a uma instituição religiosa e carreguem ao lado do desejo toda uma compreensão sobre o “pecado” de seu desejo, e suas terríveis conseqüências, tal realidade não consegue barrar a força desse desejo. O mais das vezes, a “culpa” decorrente da consciência religiosa do “erro”, consegue ser tanta, que a própria relação dessas pessoas com Deus, vai sofrendo um lento e gradual processo de afastamento. Outra consciência também sofrida de carregar é a da vida dupla: grande parte desses “desejantes” ocupam “cargos” e “papéis” nessas instituições religiosas, logo, vivenciam tal experiência de uma forma um tanto quanto esquizofrenizante: sabem que estão em “erro”, não conseguem e por vezes nem o desejam sair deles, assim como também se acham realizados no exercício de suas funções.
Alguns deles, tentaram experiências heterossexuais, que redundaram no exercício de um fracasso: por mais que tentassem “chamar o desejo” para dentro da relação, ele jamais aí se localizou. Tais relações se “arrastavam” ao longo do tempo baseadas no companheirismo e no coleguismo, porém sem a devida “carga erótica” E o depois? Ah! Quanto dissabor, ter de “explicar” que “fulana” é ótima, gente boa, mas “nosso relacionamento” não deu certo! Os “irmãos” casamenteiros ficam indóceis: pronunciam-se, censuram e acusam com muita “propriedade”, pois o “par” demonstrava ser um “casal ideal”!

2. CONHECENDO ALGO SOBRE A REALIDADE SISTÊMICA – RELACIONAL DA PESSOA HOMOSSEXUAL

Tomando por base algumas noções contidas no Processo de Compreensão Sistêmica das Relações e nos conceitos contidos na Socionomia Moreniana,e relacionando-os com algumas evidencias clínicas, podemos lançar algumas luzes sobre a pessoa do homossexual.
Enfocando a MATRIZ DE IDENTIDADE, incluindo aí o SISTEMA FAMILIAR dessas pessoas,bem como seu contexto relacional mais amplo, encontramos alguns pontos que precisarão ser levados em conta:
– em todas as famílias em questão, o subsistema marido – mulher apresenta “fissuras” no âmbito do desejo entre os cônjuges. Essas pessoas cresceram em uma “matriz familiar”, com expressões de um profundo “desencontro” entre os cônjuges;
– também o subsistema pais e filhos apresentam fragmentações comprometedoras: a “falta” de um pareamento diferenciador, protetor e de um modelo identificatório é totalmente visível. A figura do “pai”, em sua função paterna, mostra-se francamente comprometida: no caso da pessoa homossexual masculina ou ele “morreu”(morte real), ou se ausentou do processo relacional com o filho (pouco efeito, fez a ‘figura substitutiva”). Já uma pessoa homossexual feminina o pai do “desejo”, ou se encontrava “apaixonado” quase que exclusivamente, por outra/outro (ás vezes é a mãe, amante, a irmã, o irmão) ou expressa seu “desdejo”, por essa filha ou mesmo “sumiu” da responsabilidade familiar. Gravíssima também é a situação em que essa menina teve em seu pai a figura de um abusador sexual ou emocional;
– fora do Sistema Familiar vale ainda a pena um certo olhar sobre as relações sociais primeiras dessas pessoas. Algumas delas, apresentaram precocemente em suas primeiras relações de trocas com seus amiguinhos, os sinais de um “desejo” estranho pelo amiguinho do mesmo sexo, fato que, se identificado pelo grupo, gerou rotulações, com apelidos pejorativos e discriminatórios do tipo : ” o gayzinho, bicha, boiola etc.”, cresceram debaixo desses títulos, sofreram e “calejaram” essas feridas.

– já na adolescência, tais conflitos parecem tender a um certo apaziguamento: eles acharam seus “pares”. Na busca das “tribos” de pertencimento, é muito comum que rapidamente o adolescente homossexual, encontre o “outro” e depois vários “outros” adolescentes homossexuais, que sem dúvida saberão “acolher” e “prescrever” o “novo código” de comportamento desses “iniciados” no mundo das relações homossexuais.

3. COM OLHOS E CORAÇÕES ABERTOS

Se a nossa disposição como Psicólogos Cristãos é a de “abrirmos a nossa alma ao faminto e fartarmos a alma aflita”, como assim o disse ” a boca do Senhor”, cujo registro temos em Isaías 58:10-14, teremos de abrir nossos corações e mentes.
Nosso olhar precisa acolher, amar e assim buscar “reparar as brechas” relacionais dessas pessoas com a dinâmica do desejo homossexual.
O rumo de tal atuação, é algo que, creio eu, absolutamente não caberá a nós direcionarmos, mas crendo no fantástico e efetivo método terapêutico de Jesus: era justamente sua atitude não condenatória e acolhedora, que servia de “start” de mudança na vida de todos os que precisavam rever suas práticas pessoais e a ele acorriam. Que Ele nos guie continuamente, e concluo fazendo minhas as palavras do Senhor, registradas em Isaías 58:11-12: “O Senhor te guiará continuamente e fartará tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos. Serás como um manancial cujas águas nunca faltam. Os que de ti procederem edificarão os LUGARES ANTIGAMENTE ASSOLADOS, E LEVANTARÁS OS FUNDAMENTOS DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO; CHAMAR-TE-ÃO REPARADOR DE BRECHAS, E RESTAURADOR DE VEREDAS COM MORADIAS”.
Amém.
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Fátima Fontes é psicóloga e psicodramatista em São Paulo

 

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