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A CRISE DO MASCULINO, por Dieter Kirsch

Artigos e Notícias

Análise e Perspectiva do Solução

Pôde-se observar certamente, de uns anos para cá, que a temática da crise do masculino está despertando um interesse cada vez maior na sociedade, tanto aqui no Brasil como em outras partes do mundo. Prova disso são as publicações sobre o assunto que se multiplicam tanto em forma de livros como de artigos em revistas e jornais2 .

Disso poderia se inferir eventualmente que essa crise é algo mais recente.

Contudo, mesmo havendo certa dose de verdade nessa conclusão, seria possivelmente mais acertado falarmos de uma problemática existencial do ser humano masculino, a qual inconscientemente já o acompanha e atribula há séculos e milênios, influenciando de forma muito decisiva a sua autopercepção de homem, e a qual, finalmente, devido a uma série de fatores mais recentes, está sendo abordada individualmente e em público a nível consciente.

Por isso, a parte principal da pesquisa consiste duma análise desta crise, da apresentação de algumas origens da angústia masculina e da menção de duas áreas de manifestação da mesma. A segunda parte apresenta propostas de uma “nova masculinidade” que nos dão uma pequena idéia de como o homem está reagindo à crise, ou seja, possíveis rumos a tomar, acrescidos de algumas idéias e sugestões práticas.

I. A crise do masculino

Estudos psicanalíticos recentes mostram que a obrigação de se enquadrar na imagem de super-herói tem sido, na verdade, a grande fonte de angústia masculina.

O fardo da onipotência vem sendo carregado pelos homens através dos séculos, mas, nos dias atuais, o assim chamado sexo forte já não pode mais ser considerado como tal.

Especialistas na área do masculino, como, por exemplo, Cuschnir e Trobisch, opinam que o homem é, na verdade, mais frágil que a mulher tanto em relação à sua saúde física quanto psíquica.

A cada dia surgem estudos alertando para a deterioração psíquica masculina, uma dor que pode ser traduzida em números. O sexo masculino lidera as estatísticas mundiais de suicídio, de mortes violentas, de envolvimento com álcool.

Dados do Ministério da Saúde revelam que, dos 6.985 suicídios ocorridos no Brasil em 1998, 5.530 (ou seja: nada menos do que 4/5!) foram cometidos por homens. Além disso, eles vivem, em média, dez anos menos que as mulheres e também são mais acometidos por doenças cardiovasculares, crises de hipertensão, diabetes e obesidade.

O homem mais frágil que a mulher?! Essa pode ser, sem dúvida, uma afirmação revolucionária para os homens, ou pelo menos para todos os que estão acostumados a viver segundo as leis do patriarcado, sem jamais questioná-las.

O fato de não estar consciente de ser, na verdade, sob certas perspectivas, mais frágil que a mulher é possivelmente a fonte maior da angústia masculina. A conscientização da sua fragilidade, entre outras através da desconstrução dos seus mitos patriarcais, ajudaria o homem a encarar seus medos com maior naturalidade, baixando assim o nível da sua angústia.

O momento histórico para essa conscientização mais do que necessária e a auto-reflexão do homem no tocante à sua própria identidade e o significado real do seu papel na sociedade foi criado indiretamente pelo movimento feminista da década de 70 do século passado.

Esse movimento da emancipação feminina nas várias áreas da sociedade foi de suma importância para a libertação e para o resgate do valor da mulher, escravizada duramente ao longo da história por um patriarcado quase sempre violento, tanto em termos psicológicos como físicos.3 E, assim, no fluxo dessa libertação da mulher, o homem acabou sendo confrontado consigo mesmo, precisando repensar o seu próprio ser, as origens da sua angústia e os possíveis rumos a tomar daqui para a frente.

I.1. Origens da angústia: fatores psicossociais e biológicos

Como fatores básicos para a aquisição da identidade sexual apresentam-se por um lado o desenvolvimento psicossocial, dirigido pelas influências culturais, e pelo outro a maturação biológica. Na área do desenvolvimento psicossocial merece destaque a ruptura “mãe-filho”, de importância fundamental para a formação da identidade masculina.

Dado que para crianças de ambos os sexos o principal cuidador nos primeiros 3 anos de vida é tipicamente feminino, a dinâmica interpessoal da formação da identidade de gênero é diferente para meninos e meninas, sendo que ao longo desse processo e devido a fatores inerentes ao mesmo a identidade masculina será marcada profundamente pelas seguintes 3 características: separação, medo de intimidade e dificuldade com relacionamentos. Estas ainda acompanharão o menino ao longo da sua fase adulta.

A análise de diferentes culturas permite inferir que existem em todas elas três estágios comuns pelos quais um menino deve passar até se tornar um homem, sendo que o primeiro deles refere-se justamente ao esforço a ser empreendido para cortar a relação com a mãe, ou ainda afastá-lo da força dela.

Esses esforços para cortar a relação “mãe-filho” e fazer do menino um homem de verdade desembocaram em diversas sociedades pesquisadas por David Gilmore e Maurice Godelier4 numa série variada de ritos geralmente violentos tanto em termos físicos quanto psicológicos.

A ruptura “mãe-filho” ainda é sobrecarregada pela “preocupação das mães com a possibilidade de seus filhos se tornarem homossexuais. Sobre os meninos há sempre vigilância: ele é homem ou não é homem? Com as meninas, não. Não se duvida que uma menina vá se tornar mulher.

Há uma certeza: ela será uma mulher. Poderá até se tornar uma homossexual, mas, mesmo assim, sua feminilidade não será colocada à prova. Com os meninos, não acontece o mesmo.” 5 Em termos jungianos: com tudo isso o menino certamente é programado desde o início não só a não integrar sua “anima” (ou seja, os elementos femininos de seu ser), como até, obrigatoriamente, a fugir dela ou, de preferência, combatê-la como algo sumamente perigoso para a formação da sua masculinidade.

O que sobra é um ser bastante atrofiado, vivendo com uma sobrecarga unilateral numa camisa-de-força que o deixa angustiado e asfixiado.

Cuschnir e Mardegan Jr. enfocam ainda a ruptura “mãe-filho” sob o prisma duma evolução mais recente que poderíamos chamar de trauma da separação prematura.

Se antigamente as crianças eram amamentadas até os 3 anos, “hoje em dia, vale lembrar, uma criança de até 2 anos já se vê matriculada em escolas maternais”. Ou seja: “Num espaço de tempo que se torna cada vez menor, o menino é forçado a deixar o lar para enfrentar os lugares públicos, que lhe são completamente desconhecidos e, portanto, assustadores.” 6

Os autores lamentam que “infelizmente, nossa sociedade ainda não se deu conta das profundas marcas que esta separação prematura deixará na personalidade deste indivíduo. Algumas pesquisas revelam que o rompimento e a separação das mães ocasionam um grande trauma na criança,” 7produzindo sintomas que lembram aquelas características masculinas fundamentais já mencionadas anteriormente.

Outro elemento central da educação emocional masculina, ao longo de séculos e séculos da história da humanidade, está resumido naquela tão conhecida frase: “Homem não chora…”

Aparentar firmeza, frieza e autocontrole tem sido a marca registrada do homem em todos os tempos. Cabe somente à mulher a transparência das emoções.

Não é que o homem não tenha sentimentos! Pode ser até que na infância os mostrou sinceramente, para então ser amordaçado, por exemplo, por essa tão conhecida frase… A partir daí certamente não vai querer mostrá-los mais para não ser ferido, envergonhado outra vez. Desenvolve-se assim um mecanismo interior que a partir daí funciona automaticamente.

Músculo não-usado acaba atrofiando. Se, ao invés de permitir-se o uso de sentimentos e emoções, o homem os combate como algo que não faz parte do seu ser, eles acabam se tornando seus inimigos. Por isso, Trobisch afirma que o homem não consegue confiar neles, vindo a faltar-lhe assim aquela segurança baseada no instinto.

E essa insegurança na área dos sentimentos complica a sua vida na hora de tomar decisões.8“Quando o homem, com sua razão e lógica, não chega a decisão alguma, ele não pode recorrer, na mesma medida da mulher, a um reservatório de intuição.” 9

E assim chegamos ao que, segundo Trobisch, consiste num dos motivos do sentimento de inferioridade que o homem tem para com a mulher: a falta de intuição.

Obviamente não se pode generalizar, pois há também muitos homens dotados nessa área. Mas, via de regra, o dom da intuição é considerado um dom feminino.

Enquanto o homem precisa raciocinar longamente e talvez fazer ainda vários cálculos para chegar a um certo resultado, a mulher pode chegar direto ao mesmo lugar, numa fração de segundo, simplesmente pela intuição. Isso faz o homem sentir-se inferior, pois apesar de todo o raciocínio ele muitas vezes não chega lá onde a mulher, sem raciocinar, já se encontra.

Ele não consegue confiar na sua razão da mesma forma como a mulher pode confiar em seus sentimentos. Dos seus próprios sentimentos, porém, ele desconfia, e da razão da mulher ele desconfia também. E é essa desconfiança que o torna ainda mais inseguro.

Outra fonte muito significativa para a sua insegurança e conseqüente angústia é, sem dúvida alguma, a figura paterna. Aqui adentramos um campo minado com prognósticos dos mais desalentadores.

Luigi Zoja considera que o colapso da figura paterna está por trás da situação de declínio sem precedentes da civilização ocidental.

A ausência real do pai em um número cada vez maior de famílias anda de mãos dadas com a ausência de uma autoridade paterna na psique coletiva das sociedades contemporâneas, provocando uma perda de valores espirituais e deixando as pessoas como que desarraigadas no tempo e no espaço. Mesmo não querendo ser um profeta ou anunciar catástrofes,

Zoja acredita que não há saída da catástrofe psicológica da ausência do pai!

A partir daí vão crescer delinqüência juvenil e criminalidade, devendo se estabilizar num nível muito elevado.

Apesar dessas perspectivas de um futuro ainda mais escuro, Zoja não propõe uma volta ao passado, pois, segundo ele, era necessário (e foi uma conquista) abolir os aspectos mais castradores da autoridade paterna, só que com isso infelizmente perdeu-se também o elemento limitante e positivo da função.10

Richard Rohr também vê na ausência do pai uma das raízes da violência. Além disso, estando o pai física ou emocionalmente ausente (ou ao invés disso presente como autoridade excessivamente castradora!), o filho terá dificuldades de encontrar-se com um modelo de masculinidade genuína que possa copiar.

Desde a revolução industrial os homens saíam de casa para ir à fábrica ou ao escritório. Os filhos não tinham acesso a esses mundos. Dessa forma desenvolveu-se na alma de muitos homens um vácuo. Nesse vácuo aninharam-se demônios: desconfiança da própria masculinidade, desconfiança do pai, desconfiança da autoridade em geral, medo da própria sexualidade.11

Mitscherlich constata o mesmo problema gerado pela evolução tecnológica da sociedade ocidental: a criança que cresce sem pai (e ultimamente também sem mãe) torna-se um adulto desorientado que exerce funções anônimas e é dirigido por funções anônimas. O indivíduo acaba se vivenciando como parte dum contexto robotizado e massificado. Lembra-nos Zoja a seguinte afirmação categórica de Mitscherlich: “Nada pode curar a ausência, a falta de pai e mãe na infância.” 12

Num segundo momento, Rohr alerta para um perigo que também é mencionado por Nolasco, ou seja, a transferência que é feita da figura paterna para a representação de Deus.13

Quem vivenciar um pai ausente, distanciado emocionalmente ou castrador e punitivo, acabará transferindo tudo isso para a sua relação com Deus, gerando assim angústia também no sentido vertical.

A figura paterna precisa ser vista ainda sob um ângulo um pouco diferente e nem por isso menos angustiante. Justo no momento em que é acrescentada uma nova dimensão ao seu estado de homem, ou seja, quando ele se torna pai, o homem é tomado estranhamente por um sentimento de ser “supérfluo”.

Com a chegada do primeiro bebê, instala-se muitas vezes a primeira crise entre o jovem casal. A criança torna-se de tal forma o centro de todas as atenções maternas que o pai acaba sentindo-se um intruso, desnecessário e supérfluo. Já durante a gravidez ele está “do lado de fora”…

O sentimento de desvalor o assalta de várias maneiras. Em 1996, Xuxa e Madonna, duas estrelas que são modelos de beleza, anunciaram que queriam ter filhos através da inseminação artificial.14

Para Madonna, “o difícil é encontrar um homem que não seja cretino”! E Xuxa decidira que, se até os 35 anos não encontrasse um pai para o bebê que desejava ter, recorreria a um banco de esperma e teria o filho sozinha. “Eu seria pai e mãe”, disse ela no seu programa de televisão.

A bem da verdade, contudo, precisa ser acrescentado que entrementes, de uns 15 a 20 anos pra cá talvez, tem-se procurado amenizar este sentimento para o homem, convidando-o e estimulando-o a envolver-se mais com o cotidiano dos filhos, assistindo inclusive aos partos.

Mas, à medida que o homem procura viver uma nova representação masculina que integre, dentro do possível, algumas funções normalmente aceitas como femininas, ele se depara com novas preocupações e perguntas. Certo pai entrou em conflito muitas vezes sobre o quanto deveria se ligar ao filho, se não estaria exagerando no afeto ou mimando, e, com isso, evitando que o filho viesse a ser forte e durão, sem que, contudo, perdesse a sensibilidade.

Contudo, esses e outros conflitos interiores não se originam somente no campo do desenvolvimento psicossocial da identidade masculina a partir de influências culturais no caminho percorrido até aqui. Mesmo que seja um fato questionado por alguns, é impossível negar que fatores biológicos são de importância vital na formação da identidade masculina.

À medida que se analisa mais de perto os efeitos do hormônio masculino testosterona e a influência do funcionamento dos dois lados do cérebro humano especificamente sobre os pensamentos e as atitudes dos homens, percebe-se o seu papel fundamental na formação da identidade masculina e como eles estão relacionados inseparavelmente com a crise em foco.

Constatou-se, p.ex., que a testosterona influencia o cérebro e fortalece a orientação hierárquica e competitiva entre rapazes.15

Esse fato permeia decisivamente a sociedade em todos os níveis, quer seja no trabalho ou no lazer, na política ou na família, no comércio ou em filmes, na vida eclesiástica ou nos esportes…

Várias observações feitas no tocante à influência da testosterona levam à conclusão que “sexo e agressividade estão ligados de algum modo — controlados pelos mesmos centros no cérebro e pelo mesmo grupo de hormônios.

Essa tem sido a fonte de terríveis padecimentos e tragédias para homens, mulheres e crianças que sofreram investidas sexuais.”16 Isso, porém, jamais pode servir de desculpa para homem algum que deixar se arrastar para algum ato de violência sexual!

Quanto ao cérebro humano, sabe-se que ele consiste de duas metades que podem operar independentes uma da outra. De forma simplificada poderia se dizer que o lado esquerdo é o lógico, que se interessa pelos detalhes e persegue alvos com grande afinco (a caça, p.ex.); o direito, por seu turno, é o criativo, voltado, p.ex., para pessoas e sentimentos.

Enquanto mulheres aparentemente usam mais ambos os lados, os homens tendem a se limitar ao uso de um só, na maioria das vezes o lado esquerdo. Isso se deve ao fato de que o elo de nervos que liga as duas metades, o assim chamado corpus callosum, é relativamente menor num menino, ou seja, o cérebro duma menina dispõe de mais “conexões”.

Se, portanto, no caso do homem o elo de ligação entre os dois lados dispõe de menos conexões, vai ser mais difícil para ele desempenhar bem aquelas tarefas que exigem o uso de ambos os lados. Entre atividades desse tipo estão, p.ex., ler, falar sobre sentimentos ou a tentativa de resolver problemas por meio duma análise tranqüila ao invés de usar agressividade ou violência.

Merecem destaque neste contexto os dois últimos pontos, pois vários autores (Gratch, Trobisch, Cuschnir e Mardegan) constatam que os homens não gostam de falar de seus sentimentos. E, além disso, são os homens que lideram folgado (quase sempre ao estilo dos acima já mencionados 4/5 [!] da estatística do suicídio) todas as estatísticas da violência porque infelizmente preferem resolver pendências com um tiro ou uma facada ao invés de procurarem soluções via diálogo… Não podemos esquecer também que é no lado direito do cérebro que vamos encontrar a intuição, aquela faculdade que tanto contribui para que os homens se sintam inferiores…17

I.2. Áreas de manifestação

O consenso entre os autores pode ser considerado geral: “As exigências de ser o provedor e ter sucesso no trabalho e com as mulheres já começam na infância. Homens são treinados para ter um bom desempenho no trabalho e na cama. O resto é conseqüência.”18 O trabalho é, para a maioria dos homens, um modo de afirmação de sua identidade masculina, pois nossa civilização lhes atribui tradicionalmente o papel de “macho provedor”. Tolson afirma que o primeiro dia de trabalho é uma iniciação ao reino da solidariedade secreta e conspirativa dos homens que trabalham. É por meio do trabalho que o rapaz passa a ser considerado um “homem de verdade”: ganha dinheiro, ascende ao poder e à independência pessoal em relação à família.19

Imagine-se o potencial de angústia inerente a esta situação: se um rapaz só é aceito e reconhecido na sociedade secreta dos “homens de verdade” quando desempenhar a contento o papel de “macho provedor”, ele não terá como provar ao mundo a sua masculinidade se não conseguir um emprego ou, eventualmente, vir a perder o seu! E isso com o índice de desemprego aumentando em escala mundial… Uma bomba-relógio? O problema é que, segundo Cuschnir e Mardegan, os valores adotados na sociedade ocidental contemporânea, notadamente no mundo do trabalho, levam em conta apenas as pessoas que atingem o sucesso, o poder, o dinheiro e a superação do próximo. A conseqüência da adoção desses valores é o surgimento de grandes expectativas e também de acirrada competição entre os mais jovens quando iniciam suas vidas profissionais.20

Acresce que nessa competição acirrada para superar o próximo entraram, como conseqüência direta do movimento feminista, elas também! Enquanto, no início do século XX, as mulheres representavam 15% da força de trabalho mundial, no fim do mesmo século já eram 50%. Um ritmo bastante acelerado. A mulher invade cada vez mais devastadoramente a vida profissional do homem.21

E, assim, o nosso super-herói ficou cansado de lutar e fatigar-se lá fora, “na rua”, o lugar que lhe foi designado, em meio ao mundo mau e tão hostil… Será que no aconchego do lar, na cama talvez, o espera algum consolo?

Para o homem, fugir “da rua” e buscar consolo junto à sua mulher “na cama” tornou-se comparável ao conhecido pulo da frigideira para o fogo! É na cama que o mais íntimo do seu ser deveria ou poderia ser exposto. A mulher, na sua busca inerente por intimidade, até que o desejaria, e muito. Aliás, seria o meio ideal para a cura da vulnerabilidade masculina, se o homem pudesse abrir-se e confiar-se plenamente à sua mulher.22

Mas seus medos e sua vergonha não lhe permitem esse passo, pois ele teme que oportunamente as “confissões” de sua fraqueza e angústia sejam usadas pela companheira como arma contra si próprio.23 E, assim, constatou-se que mesmo no ato sexual com sua mulher ele foge muitas vezes em fantasias sexuais com outras mulheres, objetos eróticos ou até com cálculos obsessivo-compulsivos ou também tomado por medos, p.ex., da “vagina dentada”…24

Há, sem dúvida, vários fatores que angustiam o homem justamente nesta área mais íntima do seu ser. Para Trobisch, não existe nenhuma área em que o homem sinta frustração de uma forma tão profunda, dolorosa e aniquilante como em sua experiência sexual.25

Por um lado, seus impulsos sexuais podem assaltá-lo de forma tão veemente que ele se envergonhe deles, achando-se um “animal”, excitado por um simples olhar, independente de qualquer atmosfera adequada, marcada por carinho, amor e sentimento. O lado oposto, ainda mais frustrante, a ponto de ser possivelmente a maior humilhação e vergonha para qualquer homem, é o fato de que na hora “h”, quando tudo deveria funcionar às mil maravilhas, ele pode, inexplicavelmente, ser abandonado pelo seu pênis: não ocorre ereção… Trata-se aqui de algo que as mulheres possivelmente jamais entenderão: “a relação singular e complicada que o homem tem com seu membro” 26, relação essa que também precisa ser vista sob mais um outro ângulo:

‘Pode ser dito, com certeza, que a população masculina sofre de uma ansiedade quase universal [!] em relação ao tamanho do pênis’, afirmou o especialista americano James Glenn, no The Journal of the American Medical Association, (…). Por causa dessa angústia, desenvolveram-se cirurgias para o aumento dos bráulios. São feitas no Brasil também. ‘Todo dia [!] vem homem aqui perguntando se podemos aumentar’, diz o médico Marcos de Castro, da Clínica Pro-Pater, de São Paulo.27

Mesmo havendo ainda muito que pudesse ser acrescentado, ouçamos, ao final desse capítulo sobre a crise do masculino, um dos vários depoimentos de homens que foram entrevistados no tocante ao tema. Mesmo que possam ser questionados por excesso de cores escuras e unilateralismo, Josef Barat, 61 anos, economista em São Paulo e pai de duas filhas, expressa seus pensamentos e sentimentos que bem podem ser, em menor ou maior escala, os de muitos outros homens. Chamam a atenção a tristeza, a amargura, a dor, a frustração e a decepção que permeiam suas palavras e que também parecem estar estampadas no seu rosto (numa foto dele que acompanha seu depoimento na revista)…

Acho que o crescimento das mulheres no campo profissional deixou os homens intimidados. Hoje elas competem com a gente no mesmo nível. Já no campo afetivo as regras são outras. Elas ainda exigem que o homem seja o provedor, que seja forte e bem-sucedido. Geralmente olham nossas fragilidades como defeitos.

Essas cobranças são uma angústia para o homem. É como se estivéssemos sempre aquém das expectativas. Não alcançamos nunca o que elas esperam de nós. Na relação familiar, a mulher pode se permitir o luxo de dar um tempo no trabalho.

Ai do homem que decida fazer isso. Nem a mulher nem a sociedade aceitam uma atitude dessas. As cobranças são tantas que daqui a pouco nós vamos ter até medo de nos relacionar. Elas querem super-homens. Carinhosos, viris, bem-sucedidos, sensíveis e trabalhadores incansáveis. Se não somos essa perfeição, somos fracassados. Além disso, as mulheres abusam do direito de ser agressivas usando como desculpa a tensão pré-menstrual. E o pior é que nem direito a TPM os homens têm.28

II. Propostas de uma
“nova masculinidade”

Na busca de soluções ou modelos que poderiam servir de ajuda para sair da crise destacam-se dois aspectos fundamentais que permeiam as diferentes propostas: há, por um lado, a ênfase legítima na necessidade da integração da “anima”, ou seja, que o homem se aproxime dos seus elementos femininos recalcados e crie as formas adequadas para vivenciá-los. O segundo aspecto é a busca de algo que transcenda a integração da “anima”, de formas que não se perca a originalidade do masculino.

É a busca da “masculinidade profunda”, como Rohr a chama na sua proposta do “homem selvagem”. Cuschnir procura, semelhante a Rohr, uma coisa especial, viril, que chama de “energia masculina”. Ele quer a reconstrução da identidade masculina a partir de valores não mais machistas ou sexistas, mas estruturalmente masculinos. É de suma importância que, na busca legítima duma “nova masculinidade”, os homens não prendam o pêndulo no extremo oposto do machismo, mas procurem uma posição de equilíbrio numa integração inteligente e adequada do feminino, sem abrirem mão da originalidade masculina. Nas palavras de Nolasco:

“A ‘nova masculinidade’ requer do homem sensibilidade, sem o comprometimento de sua virilidade, bem como iniciativa e assertividade, sem que isto implique demonstrações de agressividade, violência ou competição.” 29 Biddulph afirma que “os grandes homens da História — Gandhi, Martin Luther King, Buda, Jesus — (…) tinham coragem e determinação, além de sensibilidade e amor pelo semelhante. É uma mistura imbatível e certamente muito necessária hoje em dia.”30

Rohr propõe, em primeiro lugar, uma “viagem ao feminino”, ou seja, uma busca de integração da “anima”. O protótipo ideal dessa “primeira viagem” é o evangelista João: por estar seguro de sua masculinidade ele não tem medo de reclinar sua cabeça no peito de Jesus em meio a mais 11 homens. Essa primeira viagem tem algo a ver com vulnerabilidade e fraqueza, pois João não se envergonha de mostrar seus sentimentos de amor e não usa a máscara da impassibilidade. E assim, o “fraco” João é o único discípulo verdadeiramente forte, além das mulheres, para permanecer sob a cruz!

Por admitir em si mesmo a fraqueza do amor ele também não precisa esquivar-se da entrega indefesa do Crucificado, bem ao contrário de Pedro, o protótipo da falsa força masculina nos Evangelhos. Sem abrir mão do que foi aprendido na “primeira viagem”, Rohr sugere ainda a segunda, ou seja, “a viagem à masculinidade profunda”.

O protótipo dessa viagem é outro João, o Batista, um peregrino solitário no deserto, fora da sociedade, que não procura agradar a todos, dar-se bem com todos e ser acariciado por todos: ele não come as comidas da sociedade, mas gafanhotos e mel, o alimento dos excluídos, dos grupos marginais. Não se veste com roupas da última moda como no centro de Jerusalém, mas com vestes de pêlos de camelo. Ele é um “homem selvagem”. Não se trata aqui de uma nova forma de chauvinismo ou machismo. Rohr empresta esse termo mais provocativo do conhecido escritor inglês C.S.Lewis que caracterizou Deus como “selvagem”. Na visão de Rohr, Jesus e o Evangelho foram, infelizmente, “domados” no Ocidente. “O medo diante do lado selvagem de Deus procede possivelmente do medo diante do lado selvagem, genuíno e espiritual ( ! ) do nosso próprio self.” 31

“Masculinidade profunda”, segundo Rohr, tem algo a ver com veracidade, pois João Batista fala a verdade a qualquer preço! Essa falta de veracidade na sociedade e igreja atuais poderia ser explicada parcialmente pela falta de energia masculina e de determinação.

Além da veracidade, Rohr alista e explica ainda outras características ou virtudes que, segundo ele, podem ser subordinadas à energia masculina, quais sejam, p.ex.: uma autoconsciência sadia (que age e não só re-age), responsabilidade própria, determinação (a capacidade de tomar decisões), o amor “duro” (que desafia) e a autoridade(!). 32

Ambas as viagens vão levar-nos, em última análise, a Jesus, o “homem selvagem” por excelência. Se abrirmos, como Rohr propõe, qualquer um dos 4 evangelhos em qualquer lugar que for, vivenciaremos como Jesus é o mais belo equilíbrio entre masculinidade e feminilidade.

Podemos encontrá-lo, num primeiro momento, na contemplação no deserto; depois o vemos dialogar meiga e empaticamente com uma mulher e, logo adiante, ele enfrenta os fariseus com incisiva determinação.

Corrige os discípulos por não deixarem vir a ele as criancinhas para tomá-las no colo e abençoá-las. Chora em público sobre Jerusalém, comparando-se com uma choca que deseja abrigar seus pintinhos e, cheio de ira santa, enxota com açoites os vendilhões do templo. Ele se engaja, cura e luta para daí recolher-se novamente ao silêncio da oração, ao colo maternal de Deus, para descansar e renovar suas forças. E assim Jesus se movimenta constantemente, pra lá e pra cá, entre esses dois polos, o feminino e o masculino, absolutamente seguro da sua unidade com o Pai.33

Trobisch, por sua vez, não fala do “homem ideal” (expressão usada, p.ex., pela filósofa francesa Elizabeth Badinter) ou do “homem como ele deveria ser”. Isso sobrecarregaria, do ponto de vista psicológico, ainda mais o homem já tão cansado de lutar e ser confrontado com suas limitações. “O homem só pode ser homem, sendo redimido para tal”.34

É dom que se recebe pela fé. Aqui entra o evangelho da graça de Deus que já vem ao meu encontro mesmo antes de eu me pôr a caminho. Trobisch também vê na vida de Cristo o modelo, o exemplo a seguir. “Para o homem redimido, porém, ele é mais do que um modelo. Pois Cristo vive nele e o transforma.

É Cristo que nos liberta, e não a nossa própria força.”35 Essa é a base para as várias facetas que Trobisch apresenta quanto ao homem redimido e que seguem abaixo de forma bem resumida:36

1. O homem redimido é capaz de liderar outros, pois ele mesmo é conduzido. Aprendeu a deixar-se conduzir e não tem medo ou vergonha de perguntar pelo caminho certo.

 

2. O homem redimido sabe rir de si mesmo e não precisa se esconder atrás da máscara do paxá frio e inacessível. O humor ajuda a conviver com fatos desagradáveis que escapam à nossa influência.

3. Só há uma saída para o homem que se entrincheira atrás da muralha do silêncio por sentir-se incompreendido, inferior ou desamparado: ele tem de aprender a falar sobre si. A saída é o diálogo. Além de falar, o homem redimido também está disposto a ouvir, atentando, p.ex., para o dom da intuição.

“Quando um estudante recém-casado foi caçoado por seus amigos por estar seguindo imediatamente uma orientação de sua esposa, ele opinou: ‘Um homem inteligente dá ouvidos quando sua esposa tem uma boa idéia.’” O diálogo também é fundamental para o bem-estar emocional e sexual do casal.

4. O homem redimido é um homem materno, capaz de mostrar seus sentimentos, pois é um reflexo da ternura de Deus.37 “Maternidade e paternidade são, ambas, características de Deus. Quanto mais nos aproximamos de Deus, tanto mais maternal torna-se o homem e tanto mais paternal torna-se a mulher.”

5. O homem redimido é um pai presente, envolvido com a família. O reconhecimento que ele necessita não procede, contudo, dos filhos (mesmo que ultimamente o seu maior envolvimento nessa área está lhe trazendo dividendos), mas do Pai celestial, de quem toda a paternidade na terra toma o nome (Efésios 3.15).

6. O homem redimido sente-se seguro e abrigado, pois sabe-se aceito, tanto com suas capacidades como com suas fraquezas, pelo Pai celestial. Por isso pode passar proteção a outros e, mesmo caindo, não fica prostrado na frustração, mas se ergue outra vez.

7. Enfim, o homem redimido é um homem que ama, pois descobriu que foi amado primeiro (1 João 4.19).

Arrematando as propostas da “nova masculinidade”, segue ainda uma breve seleção de idéias e sugestões práticas como ajuda na caminhada.

A primeira duma série de 9 sugestões de Biddulph38 é a seguinte: “Como os meninos geralmente são propensos a sentir ansiedade por causa das separações, nós precisamos demonstrar tanta afeição por eles quanto demonstramos pelas meninas e evitar separações, como deixá-los em creches antes dos três anos.” Cuschnir e Mardegan caminham na mesma direção quando alertam: “A separação involuntária dos pais, que foi imposta a um menino por situações existenciais, terá como efeito restringir a vida emocional dele. E isso vai colaborar para a construção e para o enrijecimento das máscaras.”39

Outra sugestão de Biddulph é que se leia muitas histórias para os meninos, que se converse muito com eles e se explique bem as coisas, sobretudo até o oitavo ano, pelo fato de que dispõem de menos conexões entre as duas metades do cérebro.

A partir de diálogos que ele teve tanto com professores no mais profundo dos interiores da Austrália como com diretores de grandes escolas internacionais na Europa e Ásia, Biddulph afirma ser consenso geral que os meninos deveriam ir à escola um ano mais tarde do que as meninas para evitar estragos no seu desenvolvimento psicológico e educativo.40

Escolas onde reinam desordem e violência devem ser evitadas. Cuschnir e Mardegan acrescentam, entre outras, que “é fundamental para a formação dos filhos uma relação paterna mais participativa, com uma presença forte, com mais brincadeiras, mais abraços e mais amor.”41

Conclusão

“O homem está sofrendo, mas a mulher não fazer [sic] idéia disso”.42 Essa frase, escrita num inglês tosco que procurei adaptar, Ingrid, esposa de Walter Trobisch, encontrou num pequeno ônibus em Ghana, na África.

Ela sintetiza muito bem o que se passa atualmente no coração do homem. Cuschnir encerra a sua entrevista concluindo praticamente a mesma coisa ao afirmar que, nos dias de hoje, os homens estão mais conscientes da sua angústia do que no passado, mas que inegavelmente também estão mais tristes.43

Pelo fato de ter sofrido, na maioria das vezes calada, sob a tirania do patriarcado ao longo dos séculos, a mulher não tem como entender o sofrimento deste homem que infelizmente tanto a oprimiu.

Mas esse sofrimento de ambos, bem como a busca de ambos para abandonar padrões opressivos, pode ser, a meu ver, o início duma jornada conjunta rumo ao “novo ser humano global” tanto em sua faceta masculina como feminina.

Em outras palavras, o alvo é, como vimos nas propostas da nova masculinidade, “a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4.13), que abrange tanto o homem redimido como a mulher redimida. Avante, pois!

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Dieter Kirsch, teólogo, especialista em aconselhamento pastoral em Ijuí – RS
E-mail: digakirsch@best.com.br

1 Estudo apresentado no Congresso Nacional do CPPC em Londrina, 2003.
2 A bibliografia selecionada que se encontra no fim deste texto consiste dos livros mais importantes que embasaram esta pesquisa.
3 Para se ter uma pequena idéia da humilhação que os homens impuseram às mulheres ao longo dos séculos e milênios, basta inserir aqui a emblemática afirmação do filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (séc. VI a.C.): “Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem; e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher.” Pitágoras chega até a afirmar ser impossível que homem e mulher tivessem sido criados pelo mesmo deus. Um deus bom não pode criar uma mulher. A mulher é a obra de criação de um deus mau.
4 Apud: Sócrates NOLASCO, De Tarzan a Homer Simpson, p.89-99
5 Sócrates NOLASCO em: ISTOÉ, n° 1662, de 8/8/2001, p.12
6 Cf. Luiz CUSCHNIR e Elyseu MARDEGAN Jr., Homens e suas máscaras, p.31
7 Ibid., p.32
8 A dificuldade de tomar decisões nos negócios é um dos fatores que tendem a levar os homens ao divã (VEJA 1714, 22/8/2001, p.119).
9 Walter TROBISCH, Der missverstandene Mann (O homem mal-interpretado), p.31
10 Os pensamentos de Zoja foram registrados por “Terra Networks” (22/07/2001) numa entrevista que ele concedeu em sua recente visita a São Paulo, p.1-4
11 Richard ROHR, Der wilde Mann (O homem selvagem), p.33
12Cf. Alexander MITSCHERLICH, Auf dem Weg zur vaterlosen Gesellschaft (Rumo à sociedade sem pais), p.342
Cf. Richard ROHR, op.cit., p.35 e também Sócrates NOLASCO, op.cit., p.81
13 VEJA n° 1428, 24/01/1996, p.72
14 Cf. Steve BIDDULPH, Criando Meninos, p.42
15 Ibid., p.47
16 Cf. ibid., p.53-64
17 VEJA 1714, 22/8/2001, p.121
18 Apud: Sócrates NOLASCO, op.cit., p.83
19 Luiz CUSCHNIR e Elyseu MARDEGAN Jr., op.cit., p.99
20 Cf. ibid., p.170
21 Cf. Walter TROBISCH, op.cit., p. 24-25
22 VEJA 1644, 12/4/2000, p.15
23 É a crença de que dentes no interior da vagina irão fechar-se sobre o pênis durante a relação. Cf. Alon GRATCH, Se os homens falassem…, p.281ss, também para outros exemplos da fuga dos homens para evitar intimidade…
24 Walter TROBISCH, op.cit., p.20-23
25 Ibid., p.21
26 VEJA 1428, 24/1/1996, p.75
27 VEJA 1714, 22/8/2001, p.119
28 Sócrates NOLASCO, op.cit., p.81-82
29 Steve BIDDULPH, op.cit., p.64
30 Richard ROHR, op.cit., p.43
31 Cf. ibid., p.52-61
32 Cf. ibid., p.84
33Walter TROBISCH, op.cit., p.42ss
34 Ibid., p.54
1Walter TROBISCH, op.cit., p.42ss
35Ibid., p.54
36 Cf. ibid., p.44-66
37 “Porque assim diz o Senhor: (…) Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei.” (Isaías 66.13)
38Cf. Steve BIDDULPH, op.cit., p.65-66
39 Luiz CUSCHNIR e Elyseu MARDEGAN Jr., op.cit., p.210. É claro que aqui no Brasil, bem como em outros países do Terceiro Mundo, onde as mães precisam trabalhar para sustentar a família, a situação é deplorável. O que, porém, não pode e não deveria acontecer é que uma mãe trabalhe fora e acabe gastando todo o salário com a babá e o transporte para o local do emprego, como aconteceu aqui na vizinhança…
40Cf. Steve BIDDULPH, op.cit., p.62+65
41Luiz CUSCHNIR e Elyseu MARDEGAN Jr., op.cit., p.213
42Apud: Walter TROBISCH, op.cit., p.7: Man is suffering, but woman don’t [sic] know it.
43 VEJA 1644, 12/4/2000, p.15

 

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