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O ENCONTRO TERAPÊUTICO, por Deusa Robles

Artigos e Notícias
“Não saias; é no interior do homem que habita a verdade.”       (Jung)
“Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo.  E  aventurar-se  no  sentido  mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio”.   (Kierkgaard)

Nessa época de ansiedades, incertezas, guerras, perdas e violência, não há como não nos perguntarmos qual o sentido da vida e, mais ainda, quem somos nós, dentro desta vida. Como nos mantermos integrados dentro de uma sociedade tão desestruturada?

Parece que em nenhuma outra época foi tão importante quanto hoje, o encontro do homem consigo mesmo; a busca de seu próprio eu; a consciência de si mesmo.

Mas como fazer esse tão difícil, e na maioria das vezes, sofrido, caminho para dentro de si? Como ter uma idéia mais nítida de nossas emoções, de nossos sentimentos, nossas culpas, ansiedades, desejos, medos ou até mesmo das possibilidades ainda inexploradas? Como enfrentar nossas inseguranças e crises pessoais?

A terapia é uma das possibilidades para que essa busca não seja solitária, uma vez que sozinhos levamos um tempo muito maior, ou ainda corremos o grande risco de interromper a caminhada, sofrendo mais e inutilmente.

Mas e o medo dessa busca? Medo de que ao encontrar esse verdadeiro eu, isso possa nos afastar daquilo que acreditamos, como fé, casamento, amizades, etc? Mas, se acreditamos, porque tememos perder? Pascal disse: “Pouca ciência,  afasta de Deus;  muita, O aproxima”. Por quê então temer a verdade, se o saber liberta?

É um grande privilégio ser terapeuta. É como passar por terapia a cada atendimento. Cada paciente nos ensina um pouco mais sobre o sofrimento, sobre a vida, sobre nós mesmos inclusive, pois o terapeuta é antes de tudo um ser humano como qualquer outro. Não é um mágico ou um salvador, com soluções inteligentes e/ou saídas práticas para problemas cotidianos, nem um deus a nos revelar as causas de nossas dores; não tem nem mesmo todo esse poder para transformar crenças ou pessoas a seu bel prazer. É apenas uma pessoa que se dispõe a nos ouvir. Ouvir atentamente. Ouvir não apenas o que falamos, mas muito mais o que não conseguimos falar. Ouvir o sofrimento calado, muitas vezes chorado, gritado e declarado em nossos silêncios.

O terapeuta é alguém treinado para escutar a nossa Alma. Nossas mais verdadeiras dores e razões; aquelas que desconhecemos e,  até por isso tememos. É também alguém treinado para nos devolver o que nós próprios nos roubamos e ainda para nos ajudar a encontrar o nosso melhor   para nos ajudar a “fazer Alma”.

Muitas vezes, por medo, não olhamos para nós mesmos; assim não sofremos pelo mal que temos, mas sofremos e,  via de regra muito mais, pelo medo que sentimos de que, a qualquer momento, já não seja mais possível fugir e esse mesmo mal nos invada e todos à nossa volta então percebam quem realmente somos.  Esse sofrimento todo é inútil. Só serve para gastar toda nossa energia e nos deixar sempre no mesmo lugar, com os mesmos problemas e conflitos.

Ninguém está livre do mal, mas podemos aprender a lidar com ele em nós mesmos. Todos temos uma “Sombra”, um outro lado nosso, não necessariametne ruim, mas apenas dsconhecido, que tememos olhar. Mas não é ignorando-a que ela desaparece. Uma visão externa, isenta de julgamentos, muitas vezes pode nos ajudar a olhar para essa sombra com coragem e também com uma atitude criativa, tentando explorá-la, cuidadosamente, descobrindo suas múltiplas facetas.

Via de regra, depois de olharmos para essa sombra, o que descobrimos é que ela não era assim tão feia quanto temíamos. O sentimento advindo dessa descoberta,  então, é de alívio, como se retirassem de nossos ombros alguns fardos que nós mesmos fomos nos colocando ao longo de nossas vidas, como desculpas, inconscientes claro, para não nos confrontarmos. É como que uma libertação.

Liberdade para ser. Ser, não o melhor, nem o primeiro, mas simplesmente ser o “meu melhor” verdadeiramente. Poder viver a vida abundante. Descobrir nosso verdadeiro tamanho, nossos limites e  potenciais.

Descobrir que não existe apenas o vazio, mas que também existe o sentido da vida e que este sentido não está fora, não está no outro, mas dentro de nós mesmos. Até mesmo o encontro com Deus é pessoal; não está na Igreja que escolhemos, mas no mais íntimo de nosso Espírito a encontrar-se com o Espírito de Deus.

A terapia pode ser um encontro, não de técnicas, mas de pessoas. Um encontro que nos possibilite um confronto com nossos medos, para assim descobrirmos o amor, pois o medo é a mais primitiva e destruidora das emoções humanas. Quando sentimos medo somos incapazes de pensar e planejar. O medo paralisa e acaba por  aprisionar o Amor, a Graça e a Liberdade de podermos “vir a ser”.

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DEUSA  RITA  TARDELLI  ROBLES
Psicóloga Junguiana – CRP 06/39536-2

 

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